03/08/2022 às 10h48min - Atualizada em 04/08/2022 às 00h41min

Celso Roth critica a cultura de demissão de treinadores no Brasil e fala sobre fama de “apagador de incêndios”

O técnico gaúcho reflete sobre carreira e lembra dos craques que comandou em bate-papo exclusivo com o Sambafoot

SALA DA NOTÍCIA Marina Kaiser
https://www.sambafoot.com/br/

Sambafoot

Para Celso Roth, a fase atual é de reflexão. Desde que iniciou a carreira como treinador de futebol há mais de três décadas, ele nunca parou. Agora, está fora do mercado há quase seis anos. E Celso prefere ver o “copo meio cheio”. O momento é de curtir a família e refletir sobre a carreira e a profissão.

Seus últimos trabalhos foram as passagens frustrantes por Vasco e Inter, em 2015 e 2016, respectivamente, quando as equipes foram rebaixadas para a segunda divisão. Mas ele mantém suas convicções de trabalho e afirma, em entrevista exclusiva com o Sambafoot, que ainda não vai se aposentar.

“O mercado é que me deixou de fora. Eu sou um cara muito disciplinado e claro nas minhas coisas, tenho muita atitude e decisão, e isso incomoda. Mas eu voltarei em breve”.

Celso ficou, justamente, conhecido por pegar grandes equipes do futebol brasileiro em momentos de dificuldade, o que lhe custou o apelido de “apagador de incêndio”. Existe arrependimento por ter aceitado esses desafios?

“Não me arrependo, mas tenho que fazer mea-culpa. Eu passei a não trabalhar nos campeonatos regionais e a só trabalhar nos nacionais. E aí começou a fama de apagador de incêndio”. 

Celso ex-jogador e as várias passagens no Sul

Nem todos sabem, mas Celso Roth chegou a ser jogador profissional de futebol. A carreira foi curta, entre 1975 e 1978, pelo Juventude. Naquela época, não era comum jogadores de menos de 18 anos estarem na equipe principal, mas ele conseguiu.

“Antigamente, estar no grupo principal com 16-17 anos era algo extraordinário, o que foi o meu caso. Eu parei de jogar porque eu tive uma lesão muito séria, no tendão patelar”. 

Como a carreira de jogador teve que ser interrompida, Celso focou em terminar o seu curso de Educação Física para continuar no meio do futebol, chegando a ser preparador físico antes de encontrar a profissão que seguiria por todos esses anos: treinador de futebol.

Natural do Rio Grande do Sul, Celso teve o privilégio de trabalhar, várias vezes, na dupla Grenal. Ele disse que a possibilidade de retornar para esses times sempre existe, devido aos bons trabalhos feitos por lá, e acredita que a rivalidade “esquenta” a paixão dos torcedores. “Eu sou gaúcho. Então, por um pouco de provincianismo, acho que o clássico daqui é mais ‘quente’ em relação aos torcedores”.

A satisfação de conhecer o Brasil através do futebol

Mas é claro que Celso não trabalhou somente na dupla Grenal. Ele treinou praticamente todas as equipes consideradas “gigantes” do futebol brasileiro. Faltou apenas o Fluminense, São Paulo e Corinthians, considerando os estados do Rio, Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul.

“Trabalhar em vários locais diferentes nos faz ter um conhecimento enorme, e eu tenho que tirar proveito disso quando voltar a trabalhar”.

Celso teve duas passagens pelo Atlético-MG, em 2003 e 2009, e três pelo Vasco da Gama, em 2007, 2010 e 2015. Na época em que trabalhou nesses clubes, eles não eram estruturados como hoje. “O Atlético se estrutura desde 2003, tem um dos melhores centros de treinamento do mundo, e o Vasco foi para o caminho da SAF. Fiquei satisfeito com os títulos recentes do Galo e espero que, pela grandeza do Vasco, o clube retorne à Série A”. 

No bate-papo com o Sambafoot, Celso também não deixou de destacar os grandes craques que ele diz ter tido a “honra” de trabalhar e conhecer. É o caso de Romário, considerado por ele um “gênio do futebol brasileiro”. 

Mas é Ronaldinho Gaúcho quem o técnico elege como o maior jogador que ele teve a felicidade de comandar até hoje. Na época, Ronaldo tinha apenas 16 anos quando jogava no Grêmio e já era considerado uma estrela. “Eu trabalhei com diversos craques, mas coloco o Ronaldinho Gaúcho em um patamar um pouco mais acima”.

Sobre a próxima geração de técnicos e expectativas para a Copa

Roth acredita que a nova geração de treinadores precisará de muita paciência e resiliência para continuar exercendo a profissão. Para ele, aqui no Brasil, os dirigentes avaliam somente os resultados conquistados.

“Esses novos treinadores têm que ter muita persistência. Aqui não se avalia o trabalho, se avalia só o resultado”. 

Celso disse que o atual grupo da seleção brasileira, comandada por Tite, começou a ser formada na Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul. Ele elogiou o trabalho feito pela comissão técnica, mas, se fosse o treinador, faria algumas mudanças.

“Está se encaminhando para o próximo grupo do Brasil ser o mesmo da última Copa. Penso que temos jogadores de perfil físico maior do que os que estão lá que poderiam ser aproveitados”. 

Apesar disso, Celso diz que vai torcer muito para o título - que seria ótimo para todos que trabalham com o futebol no Brasil. 

A entrevista, na íntegra, você pode conferir no nosso canal do YouTube.


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