17/10/2022 às 14h17min - Atualizada em 17/10/2022 às 14h17min

Filhos de famílias pobres de SC têm mais chances de subir na vida, aponta pesquisa

Estudo diz que chance da criança ascender socialmente e ter renda maior que seus pais pode variar no Brasil conforme o local de nascimento

Redação - Marcos Imprensa
NDMAIS

A chance de uma criança ascender socialmente e ter uma renda maior que a de seus pais ao chegar na idade adulta pode variar no Brasil conforme o seu local de nascimento.
Na região metropolitana de Belém (PA), a chance de um filho de uma família com renda abaixo da média brasileira se manter na mesma faixa ao chegar à idade adulta é de 63%, quase seis vezes maior que a de região metropolitana de Florianópolis, onde esse número cai para 11,2%.
A conclusão é de um estudo de pesquisadores ligados à UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) sobre mobilidade entre gerações no Brasil, informado pelo jornal Valor Econômico.
Intitulada “Mobilidade Intergeracional na Terra da Desigualdade”, a pesquisa estima que a probabilidade dos filhos de uma família situada entre as 20% mais pobres do país se manterem nesse mesmo estrato ao chegar à idade adulta é de 46,1%. Já a chance de ser bem sucedida a ponto de ascender ao topo da pirâmide de renda brasileira é de apenas 2,5%.

O trabalho também mostra com números que a melhor chance de ser rico no Brasil é mesmo nascer rico: 48,5% dos filhos de famílias que estão entre as 20% com renda mais alta tendem a permanecer nessa faixa. A chance de um deles descer à base da pirâmide é de 4%.

O estudo mostra que as cidades do Centro-Sul têm, em linhas gerais, melhores resultados que as do Norte e Nordeste. Em especial, municípios do interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mas também cidades do Centro-Oeste que viveram o “boom agrícola”.

Em Sorriso (MT), uma criança que nasce entre os 20% mais pobres tem 29% de chance de permanecer nesse grupo. Em Joinville e Novo Hamburgo (RS), ela chega a 15,7% e 17,8%, respectivamente.

Os economistas cruzaram dados do Censo, da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), Cadastro Único e outras fontes oficiais com registros administrativos da Receita Federal — compartilhados sob o compromisso da manutenção do sigilo fiscal




Com isso, puderam refazer a trajetória de 1,3 milhão de brasileiros nascidos entre 1988 e 1990 e compará-los sua renda ao chegar a uma faixa de idade entre 25 e 31 com a renda familiar da geração anterior.

Migração pode alterar cenário


Os resultados dão pistas iniciais sobre os determinantes da mobilidade no Brasil. Entre os principais candidatos, estão educação, mas também infraestrutura, economia e segurança pública.

O estudo concluiu que a migração tem capacidade de alterar bastante o cenário. Em termos absolutos, se a distribuição de renda brasileira fosse uma escala de zero a 100, uma criança que nasceu no degrau 25 no Brasil alcançaria, em média, o degrau 35 na idade adulta. Em Florianópolis, esse resultado sobe para 46. Já em Belém, a mobilidade média esperada é zero.

No entanto, caso uma criança nascida Belém migrasse para Florianópolis logo após nascer poderia se apoderar de até 57% da diferença entre os resultados médios das duas cidades. Assim, ela deixaria de ter expectativa de mobilidade zero e passaria a alcançar o degrau 37 depois de 24 anos.

Ao contrário do que se imagina, grandes centros urbanos não são as melhores escolhas para famílias pobres que desejam ver seus filhos subirem de vida.

Na região metropolitana de São Paulo (SP), a chance de uma criança que nasceu abaixo da mediana da renda permanecer no mesmo estrato é de 44,4%. No Rio de Janeiro (RJ), é de 30,1%.


Por outro lado, a probabilidade favorece os filhos dos 20% mais ricos. Nas duas cidades, a chance de eles permanecerem no topo da pirâmide de renda é de, respectivamente, 67,4% e 63%.

 


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