13/10/2021 às 14h25min - Atualizada em 14/10/2021 às 00h00min

Formação e valorização docente ainda são desafios para a educação básica do país

Dados do Painel de desigualdades educacionais no Brasil, produzido pelo Cenpec, apontam que o percentual de docentes apenas com ensino médio na zona rural é mais que o dobro do que em área urbana.

SALA DA NOTÍCIA Cenpec

Divulgação

São Paulo, 13 de outubro de 2021 – Um dos grandes desafios enfrentados pela educação básica do Brasil diz respeito à formação inicial de professoras(es), cuja realidade deficitária impacta tanto na aprendizagem de estudantes quanto no enfrentamento das barreiras educacionais.

Esse retrato é apontado pelo Painel de desigualdades educacionais no Brasil, lançado recentemente pelo Cenpec, que disponibiliza dados da formação acadêmica inicial de docentes de cada estado e município do país. Os números sistematizados são do Censo Escolar de 2020, e pelo Painel é possível filtrá-los a partir da etapa de ensino, da própria escola, por zona urbana ou rural, além de fazer comparativos da situação de cada localidade em relação à média nacional.

Desse universo, vale destacar que:

  • De quase 2,2 milhões de professoras(es) da educação básica do país, 81,3% possuem ensino superior com licenciatura.
  • A porcentagem de docentes apenas com ensino médio na zona rural é mais que o dobro do que em área urbana: respectivamente 25% e 10,9%.
  • Entre docentes que lecionam nos anos finais do ensino fundamental, apenas 3,9% têm formação de ensino médio sem magistério. Mas alguns estados, como Acre, Amazonas e Roraima, todos na região norte, têm uma porcentagem muito maior que a média nacional (respectivamente 18,1%, 13,4% e 16,4%).

Como explica Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, a formação acadêmica de professoras(es) é um primeiro passo para pensar nas condições de trabalho que as(os) docentes do país dispõe para exercer suas atividades. Além disso, esse ponto também incide sobre o processo de aprendizagem dos estudantes, na medida em que a ausência de uma formação adequada pode implicar em dificuldades na hora de planejar as aulas, na construção de diagnósticos sobre as dificuldades de alunas(os), entre outros.

Pelo Painel, ainda é possível visualizar cenários em que a concentração de professoras(es) com formação inadequada ocorre justamente em contextos de alta vulnerabilidade, como é o caso da região nordeste, que atualmente concentra os maiores números de professoras(es) com formação acadêmica sem o ensino superior com licenciatura e altos índices de exclusão escolar.

“Hoje temos um Plano Nacional de Educação que prevê quatro metas relacionadas à formação e valorização docente, mas apenas uma tem cumprimento parcial. Então, o retrato que temos é esse, como mostra o Painel: professores com menor formação atuando nos territórios e nas escolas mais vulneráveis, com alunos que são mais afetados pelas barreiras de aprovação, distorção idade-série e abandono”, elucida a especialista.

Diante disso, Anna Helena explica que as equipes gestoras municipais e estaduais devem direcionar um olhar ainda mais atento para as escolas com maiores necessidades, tendo em vista a composição de grupos docentes capacitados e heterogêneos, para garantir a oferta educacional de qualidade. “E o governo federal, por sua vez, deve desenvolver programas de formação, em parceria com os institutos federais e as universidades, que incentivem e apoiem os municípios e estados a formar seus profissionais de educação”, conclui Altenfelder.


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