15/10/2021 às 12h41min - Atualizada em 17/10/2021 às 00h00min

Adolescência marginalizada: quem é o pedagogo de rua

(*) Kellin Inocêncio

SALA DA NOTÍCIA NQM
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Nos grandes centros urbanos, circulam constantemente pessoas e veículos, além de oferecerem uma grande infinidade de informações, cores e construções. É a vida urbana e o capital. Entretanto, em meio a esse intenso movimento de sobrevivência e desenvolvimento, há sujeitos que são considerados invisíveis socialmente, que estão à margem dessa sociedade.

Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), até o ano de 2020, havia cerca de 222 mil brasileiros moradores de rua, situação que se intensificou com os problemas econômicos oriundos da administração pública durante a pandemia.

De acordo com o estudo “Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil”, citado pelo IPEA (2019), os dados do censo anual do Sistema Único de Assistência Social (Censo SUAS), que conta com informações das secretarias municipais e do Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal, permitiu afirmar que a maioria dos moradores de rua (81,5%) estão em municípios com mais de 100 mil habitantes, principalmente das regiões Sudeste (56,2%), Nordeste (17,2%) e Sul (15,1%). Isso significa que as maiores cidades concentram as maiores pobrezas e, consequentemente, um número elevado de moradores de rua ou de crianças pobres.

Esses dados nos permitem ir além nas problemáticas, enfatizando que a ausência de possibilidades para a educação formal e não formal dessas pessoas é, sem dúvida, ponto que merece destaque. Afinal, estamos falando de desenvolvimento humano e esse se dá essencialmente pela educação e socialização entre as pessoas e os ambientes.

A partir disso uma reflexão é levantada: Como as crianças de rua ou de extrema pobreza se escolarizam? Quais as possibilidades de acesso e permanência na educação básica? Uma figura é essencial nesse movimento: o pedagogo de rua. Ele exerce papel fundamental na sociedade contemporânea: resgata dignidade, promove criticidade e cidadania.

Esse trabalho é realizado essencialmente pelo pedagogo social, oriundo de ações voltadas aos municípios ou de organizações não governamentais. Não é a escola na rua, mas ações pedagógicas e orientações que visam a formação desses meninos e meninas moradores ou não de rua, sobretudo entre os 5 e 17 anos de idade. Elas reforçam diariamente o êxodo da comunidade e dos loteamentos irregulares em direção aos centros urbanos numa busca frenética de sobrevivência.

Se almeja, em sua maioria, o que a família desprovida não pode fazer, atender as necessidades mais básicas da vida humana. Vendem doces, pedem esmolas, fazem brincadeiras artísticas no sinal, estão desamparadas e vulneráveis.

Precisam de novos olhares e direcionamentos, possibilidade de transformação social, e o educador de rua exerce essa função, por meio das reflexões, dos planejamentos e projetos com ações pedagógicas as quais são muitas vezes são acompanhadas por profissionais de diferentes áreas, na intenção de promover a dignidade mínima, capaz de levar esses sujeitos aos bancos escolares e, talvez, ter a possibilidade de transformação social.

(*) Kellin Inocêncio, é doutora em Educação e professora da Área de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
 


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