Quais são os caminhos que precisam ser idealizados e construídos para o desenvolvimento de crianças e jovens aptos a vencer no mercado do futuro e capazes de tornarem-se melhores cidadãos? Quando analisamos a Educação no Brasil em uma escala macro, logo enxergamos que a construção de projetos educacionais que levem em consideração um ensino de qualidade, moderno e antenado com as necessidades da indústria 4.0 é uma das questões mais desafiadoras do país.
Encarar essa questão de frente é uma responsabilidade não só do poder público, mas de todos os líderes e de todas as instituições interessadas em fortalecer as bases de conhecimento que sustentarão o desenvolvimento intelectual dos cidadãos, além da inserção destas novas gerações no novo modelo de mercado de trabalho.
Para tanto, devemos levar em consideração desde a promoção de valores que formam cidadãos conscientes, tais como a ética, o respeito ao próximo e a cidadania, até o preparo dos jovens para que sejam capazes de atender as necessidades de um ambiente econômico global informatizado.
Educação Vs. Desenvolvimento Social Do ponto de vista econômico e de desenvolvimento sustentável de um país, a relevância de uma educação de qualidade é ainda mais evidenciada. Em uma série de estudos, o economista vencedor do Nobel de 1979, Theodore Schultz apontou que, quanto mais se investe em educação, maior é a riqueza de um país.
Em minha opinião, mais investimento, por si só, não basta. Quando falamos de educação, a qualidade do investimento, é crucial para o sucesso de um plano educacional de sucesso e, neste ponto, parcerias público-privadas poderiam ser uma alternativa bastante eficiente para a melhoria dos níveis de aprendizagem no Brasil.
Além disso, é necessário um ecossistema completo de ações e projetos de capacitação que permitam que um cidadão possua aptidões especializadas pertinentes ao mercado (mundo moderno), para que sua capacidade produtiva alicerce sua inserção nos mercados globais de forma consistente e consideravelmente relevante.
Logo, para que haja um crescimento exponencial do país como um todo, na qualidade de sua mão de obra, na sua capacidade de produtiva e criativa (característica essencial para o desenvolvimento dos movimentos de inovação), é preciso que tenhamos ações, tanto na esfera pública quanto privada, que façam jus as carências educacionais brasileiras que são enormes.
Os primeiros passos para a mudança Embora o país precise ainda caminhar uma longa jornada para se tornar um país, de fato, inovador, há algum sinal positivo de mudança. Nós subimos, por exemplo, 5 posições no ranking mundial da inovação, o qual é anualmente elaborado pela Organização Mundial de Prioridade Intelectual em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). No ano passado, o Brasil ocupava a 69ª posição; já hoje, estamos no 64º lugar da lista.
Outro dado positivo também reside na porcentagem do nosso Produto Interno Bruto (PIB) que é destinada à educação. Segundo o relatório "Aspectos Fiscais da Educação no Brasil", divulgado pelo Ministério da Fazenda este ano, 6% do PIB nacional é direcionado a investimentos em educação, número que é maior do que muitos países em desenvolvimento - Argentina (5,3%), por exemplo. Incluisve, é maior, até mesmo, do que o investimento de potências como os Estados Unidos (5,4%).
Diante destes dados, ficamos com a pergunta: o que efetivamente falta para termos uma educação de qualidade no país?
Conforme já observado acima, precisamos melhorar a qualidade dos investimentos e pensar em ações que vão além da esfera pública. Priorizar o investimento em professores e profissionais capacitados é, para mim, chave para todo esse processo. Além disso, entendo importante que haja a difusão de novas visões sobre educação, capazes de inserir novos desafios para os estudantes, preparando-os para um mercado de trabalho cada vez mais digital e globalizado.
Neste contexto, tanto a tecnologia quanto o ensino de idiomas devem ser considerados não mais como instrumentos de apoio, mas ferramentas que devem assumir papel mais central e continuamente presente na realidade das escolas.
O poder da comunicação em um mundo globalizado
Diante do processo de integração de culturas, deveras intensificado pelo poder das redes sociais e das ferramentas de comunicação digitais, investir no aprendizado de idiomas é, também, uma ponte para que os jovens brasileiros possam compartilhar experiências, ideias e conhecimento com pessoas de todo o mundo.
Além disso, o aprendizado de idiomas efetuado com qualidade amplia o poder de comunicação e dá a possibilidade de que oportunidades profissionais sejam exploradas de acordo com uma visão mais global, afinal de contas, para um indivíduo com conhecimento de outras línguas, as fronteiras são mais facilmente ultrapassadas.
A formação do cidadão global
Pensando no objetivo de inserir indivíduos na conjuntura internacional, entende-se a necessidade de difusão do conhecimento do inglês, língua adotada pela maioria das nações como segundo idioma. O inglês tem sido, ao longo da nossa história recente, o elo entre diferentes sociedades e culturas, contextos políticos e econômicos, permitindo que soluções fossem encontradas em situações de adversidade e unindo povos diversos em prol do desenvolvimento conjunto. Assim, vemos o quão indispensável é a introdução de uma pessoa ao ensino competente da língua para a sua formação.
Tudo isso com um viés no entendimento de que o ensino deve, sim, se ligar a tecnologia para que possa se aproximar de jovens que já nasceram em um ambiente de transformação digital.
Devemos entender que é a Educação a ponte que deve ser construída para qualquer rota de desenvolvimento de um país. Temos exemplos vastos em todo o mundo de que esta mentalidade é capaz de mudar a realidade e impulsionar o desenvolvimento econômico de qualquer país.
Mas, para isso, precisamos de visões inovadoras, de líderes tanto da esfera pública quanto da iniciativa privada, capazes de unir esforços em prol do crescimento do país, aptos a criar novos métodos de ensino e hábeis em transformar o potencial de nossos jovens em realidade, não só os transformando em cidadãos melhores preparados, mas também aptos a serem inseridos no mercado de trabalho, que tanto anseia por novos talentos.
*Alexandre Velilla é pós-graduado (PMD) pelo IESE - University of Navarra e formado em Ciências Econômicas pela USCS e em Ciências Contábeis pela UNISA. Tem mais de 25 anos de experiência, em empresas nacionais e multinacionais, nas áreas de finanças, controladoria e administração, além de auditoria e consultoria. Já passou por companhias como KPMG Brasil, Boston Scientific do Brasil, EY, e CELLEP. Experiência alicerçada em Estratégia, Gestão e Finanças. Velilla também é apresentador de TV do programa "Café com CEO" e jurado titular do "Batalha das Startups", ambos da Record News. Além disso, é membro dos Comitês Estratégicos de CEOs e de CFOs da AMCHAM, membro do conselho consultivo do CEAP (melhor ONG de Educação do Brasil em 2019 e do Sudeste em 2020) e Vice-Presidente de Inovação do IBEF-SP (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças). É também empresário, sendo sócio-fundador da Quest Construções, sócio da Flex Interativa e investidor-anjo no BR Angels. Em 2020, foi eleito Profissional do Ano pela ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), na 35ª edição do prêmio.