10/12/2021 às 17h01min - Atualizada em 11/12/2021 às 00h00min
Em que momento estamos da vacinação?
Em linhas gerais, população brasileira teve uma ótima adesão na vacinação. Porém, esse bom resultado não credencia o país a relaxar nas outras medidas
SALA DA NOTÍCIA Ivana Maria Saes Busato e Maria Caroline Waldrigues
Ivana Maria Saes Busato (*) Maria Caroline Waldrigues (*) O Brasil iniciou a vacinação da população adulta, com grupos prioritários em Janeiro de 2021 e foi expandindo para toda a população acima de 12 anos completos, alcançando no início de dezembro a marca de 56,1% com as duas doses, e 74,8% com uma dose aplicada, acima do panorama mundial que chega a 30,8% com as duas doses, e 51,4 com uma dose, segundo dados obtidos do Our World in Data COVID. A população brasileira teve uma ótima adesão na vacinação, resultado da Política Nacional de Imunização (PNI) e da participação brasileira na disponibilização, pesquisa e produção de vacinas em 200 anos de história. Esse bom resultado credencia o país a relaxar nas outras medidas? Vamos aos números e na contextualização das informações? Menos de 7.5 bilhões de doses de vacinas foram aplicadas globalmente, e menos de 5% de pessoas em países de baixa renda receberam ao menos uma dose, portanto a vacinação no mundo é desigual, contrariando os direitos humanos básicos. Assim, a pandemia não acabou. Ainda são confirmados 400 mil casos diariamente no mundo! E sim, as vacinas protegem da ocorrência de casos graves e hospitalização! Atualmente estamos acompanhando que a Europa vive a quarta onda, com aumento expressivo nos casos e nas internações resultante da baixa vacinação, bem como do relaxamento do distanciamento e uso de máscaras. Outra preocupação é a continua evolução do vírus, especialmente em variantes mais transmissíveis, como é o caso do ‘omicron’ detectada inicialmente na África do Sul, cujo dados ainda exigem estudos para definição de transmissibilidade e gravidade, além da eficiência das vacinas. Especula-se que seja mais transmissível que a ‘Delta’. Aqui, o Brasil está atrasado na vacinação de crianças de 5 a 11 anos, os quais ficarão suscetíveis, aumentando a transmissibilidade e a continuidade da circulação do vírus, associado aos negacionistas que não tomam a vacina. A Pfizer entrou com pedido na Anvisa para a vacinação de crianças na data de 12 de novembro, e o CDC nos Estados Unidos aprovou a vacinação para essa faixa etária em 2 de novembro. É urgente que a Anvisa aprove vacinas para esse público. Enquanto isso não acontece, cabe aos adultos, imunizados com altas taxas de cobertura vacinal, protegerem as crianças. Seremos, desta forma literalmente um escudo, cuidando e protegendo” esta nova geração. Quando a pandemia vai acabar? Com dificuldades de financiamento para democratizar a vacinação no mundo e a existência de uma cadeia de suprimentos frágeis, é quase impossível prever a extinção deste vírus, e é bem provável que ele ficará entre nós para sempre. Mas o que podemos fazer? Seguir com o pacto social de uso de máscaras, evitar aglomerações, manter o distanciamento. Diríamos em palavras mais amorosas, neste rude tempo de quase dois anos, cuidarmos uns dos outros, como verbo e exercício de desenvolvimento pessoal. Nas palavras de Leonardo Boff, no livro ‘Saber Cuidar’, “Somos cuidado, não poderíamos viver (e sobreviver), sem cuidado deixamos de ser humanos”. *Dra. Ivana Maria Saes Busato, coordenadora do Curso de Saúde Pública e Gestão Hospital da Uninter. *Me. Maria Caroline Waldrigues, coordenadora do Curso de Gerontologia e Paramedicina da Uninter.