As páginas da revista Psychopharmacology mostraram uma verdadeira reviravolta para os amantes do café. De acordo com os cientistas, é preciso ter cautela ao usar a cafeína pois ela pode se transformar em uma substância altamente viciantes.
A bebida que pode ser um elo que une colegas e amigos, proporcionando relaxamento e animação, tem outras nuances. Por trás do aroma sedutor e do sabor encorpado, surge um alerta importante: o líquido pode criar dependência.
O toxicologista Carsten Schleh, autor do livro “A Verdade sobre Nossas Drogas”, ressalta essa realidade, ecoando diversos estudos que convergem para a mesma conclusão.
De fato, o distúrbio de consumo de cafeína é reconhecido como um diagnóstico médico atualmente. Em um mundo onde a cafeína se posiciona como a droga psicoativa mais consumida, é essencial explorar os impactos dessa relação cotidiana com a bebida em nossas vidas.
País onde mais se consome café
Luxemburgo lidera o ranking como o país com o maior consumo da bebida, atingindo 8,5 quilos por pessoa ao ano.
País onde mais se consome café
Luxemburgo lidera o ranking como o país com o maior consumo da bebida, atingindo 8,5 quilos por pessoa ao ano.
Na Alemanha, essa média é de 4,8 quilos, superando os 4,5 quilos anuais do Brasil.
Apesar das projeções de que o consumo possa diminuir nos próximos anos devido às mudanças climáticas, que ameaçam a produção e elevam os preços, a tendência atual é de aumento.
Quanto à composição do café, trata-se de uma mistura complexa, composta por mais de mil substâncias, incluindo polifenóis, corantes, flavorizantes naturais, vitamina B e magnésio.
No entanto, o que torna os grãos tão apreciados é a presença do alcaloide cafeína, também encontrado em grande quantidade nas favas de cacau e em bebidas energéticas. Algumas variedades de chá contêm uma substância semelhante chamada teína.
Após 15 a 30 minutos do primeiro gole, a cafeína alcança o cérebro e se conecta aos receptores de adenosina.
Já a adenosina, cuja função é bloquear a liberação de neurotransmissores como dopamina e noradrenalina, induzindo uma sensação de sonolência e letargia, é neutralizada pela cafeína ao se ligar a esses receptores.
Segundo os cientistas, isso mantém o organismo desperto e aumenta a tensão arterial, proporcionando uma sensação de alerta, agilidade e produtividade.
Quando o consumo se torna um vício?
Assim como outras substâncias psicoativas, a cafeína aumenta a liberação de dopamina, conhecida como “hormônio da felicidade” por seu efeito estimulante. Essa ação é potencializada pelo bloqueio dos receptores de adenosina pela cafeína.
Como resultado, o organismo desenvolve mais receptores de adenosina, aumentando a demanda por essa substância calmante. A falta de cafeína pode levar a sintomas de abstinência, como cansaço, irritabilidade, dores de cabeça, falta de concentração e insatisfação.
Apesar do potencial de dependência, um consumo moderado da bebida não é prejudicial para adultos saudáveis.
Segundo a EFSA (Autoridade Europeia para Segurança Alimentar), o limite máximo recomendado é de 400 miligramas de cafeína por dia, o que equivale a duas a cinco xícaras, dependendo do tamanho. Gestantes devem limitar a ingestão a 200 miligramas diários.
Dentro desses limites, a bebida apresenta benefícios para a saúde, associados a uma menor probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardíacas, câncer hepático e uterino, doença de Parkinson e depressão.
Para aqueles que apresentam sintomas de dependência de cafeína ao reduzir ou interromper o consumo, o toxicologista Carsten Schleh recomenda uma redução gradual da ingestão.
Uma privação radical pode resultar em sintomas desagradáveis e aumentar o risco de recaída, visto que a cafeína é considerada uma das drogas mais inofensivas.
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